segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Once upon a time


Não vou começar essa história com "era uma vez" porque ela não chega nem perto de um conto de fadas, muito menos tem um final feliz para sempre. Vou começá-la com...com...bom, apenas vou começá-la.
"Querido diário, hoje não foi um dos meus melhores dias, odeio estar em um lugar onde não conheço ninguém, não sou muito sociável, faço amizades muito devagar. Tudo bem, eu conheci uma menina muito simpática, chamada Lexy, ela é americana, mora aqui faz nove anos, tudo bem que ela não tem amigas, mas eu realmente gostei dela. Como hoje foi o primeiro dia de aula do ano, não parei para prestar atenção e nem para conversar sobre os meninos do colégio, prometo que amanhã farei isso."
Como ela era uma menina solitária, seus pais trabalhavam o dia inteiro e não tinha amigas no bairro pois acabara de se mudar, escrevia sempre em seu diário, como seu único e fiel amigo.
A porta de sua casa foi rompida aos gritos, mais uma vez seus pais estavam brigando, mas hoje foi diferente, eles tinham chegado durante a tarde, e gritavam mais do que nunca. Ela como de costume, se escondia de baixo de sua cama, mas como hoje tinha sido diferente ela correu para as escadas, olhou para aquele inferno com pseudónimo de casamento, e correu para o jardim. Sem pensar duas vezes, Sophie atravessou a rua e entrou em uma ruela escura e úmida, parou, colocou as mãos em sua cabeça, olhou ao seu redor e continuou a correr. Atravessou ruas e ruas, imensos jardins, andou até suas pernas adormecerem. Anoiteceu, ela voltou para casa, bateu a porta da sala e subiu com passos duros a escada de madeira até seu quarto, bateu a porta novamente e gritou o mais alto que pode.
'Bom dia, Sophie' disse sua mãe abrindo a porta do quarto para acordá-la, era terça-feira e teria aula até às quatro da tarde, e depois iria tomar chá com sua mãe na casa de sua tia Berta.
Sophie se arrastou até o banheiro e tomou um banho bem quente, o clima estava frio naquela manhã de outono. Se arrumou e desceu sem animo algum para tomar café da manhã. Enquanto colocava leite em seu chá, perguntou a sua mãe:
'Separada?'
'Se eu me separei de seu pai?'
'É'
'Não nós nos amamos muito'
'Desculpa, não entendi, como é que é?' parou de brincar com seu chá e olhava com cara de indignação para sua mãe.
'Nós nos amamos' falou com seu melhor sorriso e convicção não lhe faltava.
'Então todo aquele escândalo foi para vocês dormirem juntos?'
'Que escândalo? Se está falando de nossa discussão, foi apenas uma coisa rotineira'
'Tá bom' parou de falar e bebeu seu chá e foi para a escola.
O seu final feliz era como o horizonte, uma linha imaginária que quanto mais perto ela chegava, mais se afastava.

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