sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Desprezo


Aos meus 16 anos me apaixonei pelo meu melhor amigo. Aos meus 17 me declarei pra ele. Merda! Foi a pior coisa que fiz. Ele começou a me desprezar.

Ele me desprezava porque me conhecia como ninguém. Me desprezava porque meu livro favorito era "O Pequeno Príncipe", e meu filme favorito "Juno". Me desprezava porque tinha medo do escuro e tinha medo da solidão. Me desprezava porque era uma incrédula do amor, mas que sonhava com um romance de filme americano à lá sessão da tarde.Me desprezava porque não era patriota e queria mudar de país. Me desprezava por ser do contra e por ser eu mesma sem medo nenhum.

Ele desprezava as minhas qualidades. Mas o que eu não sabia era que ele me amava também, mas tinha medo desse sentimento tão novo pra ele, eu não sabia disso. Eu odiava isso nele. Ele era fechado, tímido, nunca se declarara antes. Eu já tinha me declarado pra ela no ano passado, e fiquei sabendo que gostava de mim no começo desse ano. Mas sabendo como ele era, como eu iria insistir numa coisa tão abstrata? Eu estava confusa.

Nisso foram passando os anos e fomos pra facudades diferentes. Facudades, festas, diversão, estudos. Quando éramos pequenos juramos fazer a mesma profissão e nunca nos separarmos, nunca. Mas não foi bem assim. Fomos pra facudades diferentes, mas com o mesmo curso.

Aos 22 anos nos encontramos num evento de fotografia. Ele estava mudado, eu estava diferente, não nos conheciamos mais, era estranho.

Ele foi me comprimentar, eu o comprimentei. Comversamos um pouco. Estava indo embora quando ele me chamou e enfim se declarou, disse que sempre me amou, e que nunca me esquecera. Que ele nunca tinha falado desde os 13 anos a menina que ele era apaixonado porque era eu. Fiquei emocionada, chorei, nos beijamos. Ele se transferiu pra minha faculdade, começamos a namorar. Foi tardio, porém ótimo, anos que nunca vou me esquecer.

Aos 27 anos nos casamos, aos 30 tivémos dois lindos filhos, e hoje, amamos desprezar o passado juntos.

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